13 de dez. de 2010

o beijo na boca

mais uma vez nós, perdidos no paraíso
esquizofrênicos esmagados num tempo mais ilícito
eu peço o encontro brutal do chão
o grito niquelado em mudanças
os bravos olhando por cima
os velhos não entendendo nada
as crianças chorando
um grito emudecido no ar vermelho
o beijo encravado na garganta
a fome mastigando a hipocrisia
a heresia rolando solta
e os gritos de uma rebelião
os pedaços da roupa virando farda
a máscara ironizando o perdão
a vitrine quebrada com um tiro
os esgostos pegando fogo
o blecaute no emudecer do amanhã
os fracassados orgulhosos
à queima-roupa, o cru
os urubus voando
fermentados com a visão bitolada
dando voos rasantes como um supersônico
nazista, pregando o genocídio
o pueril ferrão da lágrima
escorre dos olhos
num infinito pesadelo
com os olhos abertos
a escravidão é um ato inacabado
perto de uma fronteira
a busca do infinito

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