30 de set. de 2010

bebemos por elas

O mundo anda com um gole de cachaça
Põe pirraça no meio, fala pro velho
E transborda um gole de cachaça
Rabisca o palito pro cigarro
e um gole de cachaça
Invade a cor o corpo da mulher
com um copo de cachaça
E fica melhor dizendo da desfaçatez
palavras de dicionário
pra ver se entende algumas, de cachaça
Bem ao pé da mesa
raiz de pé
dessa mulher
um bom pileque
Pra entender dessa cachaça

28 de set. de 2010

forte é a vida

Para qualquer
intervalo bom
Um grito certo
O gemido mundo
Uma grama e o olhar
Um planeta passa o riso
Seu ensaio
Seu grito
Um espasmo
perto
Um tratado correto
e curvas
A velha morbidez futura
E eu penso
Em um grito pronto
Lá na frente alguém escolhe
Envolve vive pra volta
Todo olhando
Lendo cardápios
A orgia na praça
Do lado a procissão
Dos possessos
Todo sentido nas ruas
O chão infinito fugindo
Quem cai fica


26 de set. de 2010

Púrpura

pra ser meu rótulo
de Baco elixir
em que navego pra querer
o ego teu
flor e pele vermelha
Assemelha-me a imagem
imagine o eu teu
todo felino feliz
pra boca campari
pare-me o pulsar
e dá-me a vida
um pouco mais que o teu anárquico jeito
o sorriso aberto e largo,
belo
esta tua ideia Deusa
de chacoalhar qualquer pensamento
de não fazer dormir
mirando à minha frente
onde projeto
injeto a picardia do desejo
em querer-te
do fascínio à arte
ao jeito ao já
pra buscar mais essência da paixão,
do orgasmo
Do vermelho, do nirvana aclamado
declarado poder
pra me consumir
sucumbir em êxtase,
brindar a fúria
e rir do melhor louco
beijo que se pode ter

24 de set. de 2010

e os tambores não param

Pra começar
só o pensamento diz
E não para
Vira uma válvula de rosto
retilíneo
à minha frente
Na frente de todos
de cara na cara
A concentração vai pro saco
o desejo de ouvir
vira recado
e de ver não vira
A questão do jogo impõe
a briga
pra achar um jeito
os olhos não dormem
é guerra
Bombardeando tambores
ainda vivo
E o tempo esvai
vai diminuindo no tempo
Talvez medida exata pra dar o gole certo
na repulsa da vida
agora ingrata
Ando pra não parar
enquanto pensamento
E isso jorra na paixão o estímulo
pra outro dia, tomara que pare
Tomara que não

23 de set. de 2010

MEIA - NOITE

Horror e erva

na eva questão

do ganha-pão da terra.

Origem, diagrama incompleto

Repleto de vários dizeres,

lugares

e sem final.

Pro mal conservar

em bom gosto

Bem no justo conceito

Que o dia é um

e não tem fim.

21 de set. de 2010

faminta

Mijar na caatinga
Pedir água pedir sede
Ceder o copo
Nenhum pecado
Por todo lado
Rostos famintos
e o fim
a foda
Pra nascer
A máquina girando
Faísca do rojão
A terra não perde
O futuro
O frio
A foda faminta
a caatinga

18 de set. de 2010

O nada estava no tudo e começou

Bem, a percepção começou quando o tudo
declarou guerra ao nada
Os tapas invisíveis declaram-se como vento
e eram o nada
O tudo, até enxergar o nada conseguia
Foi pancadaria, estrepolia
enxovalhamento
e amor
O tudo também tinha um pouquinho de nada
e algumas vezes doía
em modos e rimas sem parar
Porque um era o oposto
o gosto e alguém

ESTRONDO

tudo bem com puta
não comporta torta cabeça
bem campari bebe
mas está assim porque tem força
mega gasolina chip chopps
e todas as cabeças de uma tela tolaz
the jazz etc...

17 de set. de 2010

acesos ecos

Perto de fronteiras que a mente passa
Escuto outros ecos concretos em ebulição
Eles estão acesos, repletos e com destinos
Atinados exemplos e querendo mais
Pra a estrutura não rachar
nem de turrão de saco ficar
sem solução
Em que querer dar porrada
com a voz
melhor é o papel
porque sussura
E discorda
dá corda pra tudo
Come um prato torto
analisa o todo
E alisa a cabeça do equilíbrio
Pra ler em brilhos, fogo

esses pro mundo

Mesclaram os dentes
Nossas aguardentes
Fizeram num ar
As carícias de amar
Falaram das flores
São imagens em cores
Gritaram pro mundo
Jogaram nos copos
Os cuspes
Os pés
Marcharam na frente
Foram vários os entes
Queriam queridas
Olharam feridas
Pediram os pães
Morreram as mães
E eu estou aqui
Bebe-se ali
Não quero mais
Me embriaguei
Esse um último copo
Um dia eu topo
Vejo cigarros
Nesse monte catarros
Hilariante
E estou rindo
Indo também
E até mais Nostradamus
Nós nos danamos
Esse mundo acabou
Prefiro a roleta
Russa que a vodka
Aqui não chegou

16 de set. de 2010

só depois

Escuta a cicuta pedindo fim
Não pra mim, que seja assim
Só em outros casos
Prazos estabelecidos pelo pai,
talvez
Bem freguês de qualquer hora
Porque agora não dá

dois minutos

todo presumido ouvido da fala que se trata, melhora o modo.

OS PICTÓRICOS

As cores são óperas de um nada nada que se fala
O pictórico manchou-se nas telas
O painel mais próximo é opaco e feio
Os vermelhos saíram de férias
Os azuis não voltaram
Deu pane na guilhotina e as cabeças não rolaram
O meu mundo é oprimido e os outros, qual foço eles entraram?
Em algum buraco em ruínas perdidas do tempo secreto
E só neles alguns respiram
Os velhos mais loucos da terra, com sérias caretas
Prisioneiros de coisas passadas
Escritos dos velhos manuscritos amassados
Borrados no pó da mesa quebrada
Neles, seus berros esperneiam destroçando muralhas
Com galante sacanagem, iguais aos bichos do mato
Tarados hipocondríacos
Vestindo as cores vazias, mas cheias de verdade

na boca da noite

Burra da cria
Cria da noite
Burra noite
Que tornou-se dia

15 de set. de 2010

QUEREIS

Somos assim
Pessoas lúdicas
Num melhor tempo
Queremos que o tempo
seja belo
Queremos que o ar
deste tempo
Seja eterno